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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A influência do Evangelho Portugal



A influência do Evangelho Portugal

A presença sociocultural de protestantes e evangélicos
 
Está por realizar um estudo rigoroso e com algum detalhe sobre o papel do protestantismo e do evangelicalismo em Portugal,
O estatuto minoritário, uma lei da liberdade religiosa ainda refém da discriminação porque incompreen-sivelmente e de forma inadmissível, mantém de fora a confissão maioritária que é regida por um acordo com o Estado do Vaticano, é responsável e explica essa ausência, desinteresse e até oposição cultural por parte da intelectualidade do país. Mas queremos vincar que mais importante do que a influência da confissão protestante e evangélica, é a influência da Bíblia, do Evangelho de Jesus Cristo como Deus entre nós, do conhecimento do Pai através d'Ele, e da acção do Espírito Santo, que nos empolga e atrai.
O obscurantismo, a ignorância do texto bíblico, das bases doutrinárias do ensino de Jesus Cristo, dos princípios e dos valores que são inerentes ao evangelho, marca a cultura portuguesa. A Reforma que influenciou decididamente o norte da Europa, passou ao lado de Portugal. Existem ainda regiões deste Portugal que se encontram reféns da ignorância acerca do que a Palavra de Deus nos diz e como ela é tão distinta da religiosidade popular e do nominalismo cristão.
Servem-nos aqui de referência emblemática o papel de João Ferreira de Almeida (1628-1691) e da tradução que empreendeu da Bíblia em português e a acção missionária de Robert Reid Kalley (1809-1888) na Madeira, e a perseguição religiosa feroz que provocou obrigando à diáspora de centenas de madeirenses.
A influência espiritual e cultural do trabalho empreendido por João Ferreira de Almeida na linha do que acontecia em muitos países da Europa em virtude da Reforma, não cabe no que uma investigação sociológica e estatística podem conter. O Pr. Manuel Pedro Cardoso, no livro "Deus, o Homem e a Bíblia" editado pela Sociedade Bíblica de Portugal, escreve tendo como título "Um Emigrante Bem Sucedido":
"Emigrou, criança ainda, para a zona onde hoje existe a Indonésia e ali, em 1642, fez a sua adesão à Igreja Reformada (o mesmo que Presbiteriana) Holandesa, tendo apenas 14 anos de idade. Parece idade insuficiente para decisão tão importante como a de ab-jurar da confissão católico-romana em que fora educado, mas não esqueçamos que nesses tempos difíceis chegava-se mais cedo à maturidade. Convertido, tornou-se um crente convicto, estudou teologia e, depois de passar pelas várias fases do serviço na Igreja, foi ordenado ao ministério pastoral."
E mais adiante sobre a tradução da Bíblia pela primeira vez colocada à disposição do povo na sua língua refere: "Em princípio, esta tradução, pedida pela sua Igreja, não se destinava aos portugueses que ha-bitavam em solo pátrio, mas aos naturais daquelas áreas que usavam a nossa língua como veículo de comunicação entre eles. Mas em 1809, a Sociedade Bíblica em Londres começou a editar a Bíblia de João Ferreira de Almeida tendo em vista tendo em vista o povo português e brasileiro.
A medida que o protestantismo veio a introduzir-se nestes países e nas então colônias esta versão foi de extrema utilidade. Porque, embora depois de Almeida tenha surgido, nos tempos do Marquês de Pombal, a versão do Padre Pereira de Figueiredo, era a "versão protestante" a que mais se adequava à evangelização do povo. Porque enquanto Pereira áe Figueiredo, que traduzira a sua Bíblia a partir da Vul-gata, usava um português de literato, o Pastor preferira a língua do povo, o português corrente desses dias, o que tornava a sua versão, natmahnente. muito mais
acessível. E além disso era mais fiel, porque o Pastor vertera do hebraico e do grego, as línguas originais." (pp. 37-39)
É extraordinário como Deus contorna as fronteiras fechadas de um país às mãos da ignorância e do obscurantismo espiritual, e usa emigrantes e imigrantes, para introduzir nesta nação que Ele também muito ama, a revelação do Seu amor, da Sua graça e misericórdia, da fé em Jesus Cristo - único Senhor e Salvador, sem quaisquer outras mediações e rejeitando qualquer apelo ao comércio religioso. É extraordinário também como Deus age no tempo, séculos antes, preparando os corações e as mentes para o que virá depois e o que estamos vendo e havemos de ver ainda. Quando hoje temos programas evangélicos na televisão e na rádio, temos a página impressa e a internet como canais da mensagem de Jesus Cristo, temos que ter presente que isso é um desdobramento de um plano divino que na Sua provisão tudo nos foi proporcionando. Fico também a pensar que no frenesim e na pressa dos dias que vivemos, devemos continuar a confiar no Deus que se move no tempo como quer. Pode até ser que a lentidão seja da nossa responsabilidade, mas o nosso Deus não desistiu e não desiste desta terra, desta língua e desta gente que amamos.
Sobre o Apóstolo da Madeira, citamos o livro precisamente com este título da autoria de Michael P. Testa, no prefácio à edição portuguesa de 2005:
"Robert Reid Kalley, um cirurgião de Glasgow, foi o primeiro médico missionário da Sociedade Missionária de Londres. O seu destino era a China e o seu propósito era assegurar a continuidade da obra missionária que um distinto compatriota, Robert Mor-rison (1782-1843), tinha interrompido devido à sua morte. Durante os preparativos para a longa viagem à China, a doença súbita da Senhora Kalley tornou aconselhável deixar o inverno rigoroso da Escócia e procurar um mais rápido restabelecimento no clima moderado da portuguesa Ilha da Madeira. Chegaram ao Funchal a 12 de Outubro de 1838, onde deviam permanecer oito anos."
"Ali, no meio de um povo ilhéu extremamente fanático, o Dr. Kalley fundou uma cadeia de escolas primárias e um pequeno hospital e empreendeu o único movimento de evangelização em massa de toda a história do Protestantismo em Portugal. As dimensões e a eficiência do seu trabalho missionário na Madeira podem ser avaliadas pelas perseguições de 1844 e 1846. Fugidos às violências de 1846, mais de dois mil "hereges cal-vinistas" deixaram a sua ilha natal, estabelecendo-se principalmente nas Antilhas e Illinois." (p.7)
O que aqui se verifica é transversal à história da implantação do protestantismo e do evangelicalismo em Portugal, ou seja, existe uma integração entre a dimensão do espírito na comunicação do Evangelho da reconciliação do homem com Deus pela graça, mediante a fé, em Jesus Cristo, e a acção social, cultural, econômica, dos cuidados de saúde, da educação, do apoio à infância e à idade de ouro, da introdução em Portugal e da utilização de novas tecnologias, etc.
A este propósito referimos ainda Diogo Casseis (1844-1923), fundador da Igreja Metodista em Portugal, bem com da Escola de Torne (Gaia), que dirigiu durante cinqüenta anos, como exemplo emblemático da luta do protestantismo contra o analfabetismo. No livro de Fernando Peixoto sobre esta insigne figura do protestantismo em Portugal, refere que numa notícia "d'A Reforma, de 14 de Janeiro de 1887, lê-se que a Escola do Torne fora inaugurada em 1872. De facto, foi neste ano que ela passou a contar com instalações próprias, uma vez que até aí funcionara na própria capela, com a precariedade e as limitações que uma tal situação implicava." (p. 29) E mais adiante (p. 33), cita o próprio fundador: "Como Igreja viva, compete-nos derramar a instrução por meio das Escolas, e pregar o Evangelho por meio da imprensa, pela palavra falada e por meio de missões, conforme o mandamento do Senhor: - Ide e ensinai o Evangelho a toda a criatura" (cit. in Cabral, 1978: 31). Nesta escola o meu avô, Pr. Armando Jaime Augusto Pinheiro (1911-1977), terá estudado e tido um primeiro contacto com o Evangelho.

Sempre foi assim e sempre assim será até que a Igreja seja arrebatada: cada igreja local, cada comunidade por pequena e insignificante que seja aos olhos dos homens e dos meios de comunicação, é um canal de bênção, de assistência, de desenvolvimento, de entreaju-da, de missionação, etc. As Assembléias de Deus em Portugal, surgem na primeira década do século vinte (1913 - Tondela, 1924 - Portimão), precisamente com esta matriz bíblica e desde cedo desenvolvem um trabalho social espelhado do Lar de Almeirim e no Lar de Betânia, mais tarde ainda no aparecimento do Desafio Jovem e, hoje em dia, em inúmeras outras instituições de apoio multifacetado.
SRP
Fonte : Novas de Alegria

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