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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A DINÂMICA DA IGREJA LOCAL NO CONTEXTO ACTUAL


A DINÂMICA DA IGREJA LOCAL NO CONTEXTO ACTUAL
"… e o coração do sábio conhece o tempo e o modo."


 (Eclesiastes 8:5)
Uma das grandes, se não a maior necessidade com que nos debatemos hoje, como Pastores e Líderes das Assembleias de Deus, a pouco tempo de comemorar o seu 1º centenário, consiste na sabedoria necessária para discernir o tempo e o modo.
Se não buscarmos essa sabedoria do Senhor, que nos permita fazer um discernimento correcto e actualizado, corremos o risco de ser ultrapassados e ficar reduzidos a uma Denominação histórica e a um Movimento do passado. Como alguém disse: “Deixaremos de ser um Movimento e passaremos a ser um monumento”.

 Precisamos saber discernir o tempo (o contexto actual) em que vivemos.
Discernir significa determinar, isto é, ter uma noção bem clara das características singulares do tempo em que vivemos. Compreender a profunda diferença entre o tempo que vivemos hoje e o tempo passado, até o passado mais recente. Estar consciente que as necessidades e os desafios do nosso tempo são diferentes, em virtude de estarmos numa sociedade em mutação constante e acelerada.
Precisamos saber discernir o modo (a dinâmica) a aplicar, que melhor se coadune ou se adapte ao tempo em que vivemos

 O modo deve ser sempre em função do tempo. Não é o modo que determina o tempo, mas é o tempo que tem de determinar o modo.
Assim como os nossos estatutos precisam de enquadramento jurídico para terem a força da Lei, também nós necessitamos nos enquadrar no tempo em que vivemos para desenvolvermos na Igreja uma dinâmica que tenha a força da efectividade.

 As nossas Igrejas Locais precisam duma nova dinâmica que dê a melhor resposta face ao contexto actual da nossa geração e da nossa sociedade, porque corremos o risco de nunca tocar o tecido social do nosso País e perder a nossa geração, se é que isso já não está a acontecer.
Será loucura, e o texto introdutório a Escritura apela à nossa sabedoria, insistir numa dinâmica ou numa estratégia que, embora tenha tido algum sucesso no passado, contudo, hoje já se encontra ultrapassada, e que por isso impede o progresso e o crescimento da Igreja, contribuindo para a sua estagnação e desertificação.

 Não culpemos os crentes de não quererem fazer nada, porque, pela graça de Deus, existem ainda Igrejas em que os crentes estão trabalhando para ganhar almas e continuam bastante envolvidos na Obra de Deus, onde há curas, milagres, manifestação dos dons espirituais, conversões e algum crescimento qualitativo e quantitativo.
Se há alguém a quem devemos culpar é a nós mesmos, por falta duma visão clara do tempo em que vivemos, não conseguindo motivar a Igreja. Daí a razão, infelizmente, de termos cada vez mais crentes desanimados e desmotivados, procurando noutros lugares o que deviam encontrar na sua igreja.

A dinâmica no que concerne à liturgia

 A liturgia do culto evangélico está a ser repensada e debatida em todo o mundo, notemos que até a Igreja Católica mudou completamente a sua liturgia e, nos casos em que isso acontece, as igrejas estão cheias, especialmente de juventude.
A liturgia dos nossos cultos precisa ser renovada. Não podemos estar agarrados a formas do passado como se isso fosse um fundamento doutrinário. Formas não são doutrina.

 O culto, e especialmente o culto pentecostal, não deve ser do tipo cerimónia, onde predomina o formalismo e o ritualismo. O culto é uma celebração viva e dinâmica, onde deve predominar a alegria da salvação.
Precisamos duma liturgia que prima por uma boa direcção, mais dinâmica e mais participativa, em que os crentes não sejam meros assistentes, mas participantes activos no louvor e na adoração a Deus. O louvor, embora de forma espontânea, precisa ser tão bem cuidado e preparado como a pregação.

 Para mim, no culto, é tão importante o louvor e a adoração como a pregação. Eu não me refiro a “cantoria”, isto é, a repetição de coros e hinos sem qualquer sentido que são cronometrados e interrompidos de qualquer maneira. Mas outrossim, um tempo de louvor e adoração em que os crentes não apenas cantam, mas são cheios do Espírito Santo falando noutras línguas, choram na presença de Deus, são curados e renovados espiritualmente.

 Se é necessário receber a mensagem de Deus, não é menos necessário ministrar-Lhe o nosso louvor e adoração. A adoração e o louvor estabelecem o trono de Deus e a Sua gloriosa presença no meio do Seu povo. O povo dever ser animado a expressar os seus sentimentos para com Deus, bem como a ser edificado, exortado consolado pela pregação da Palavra. Até mesmo a recepção da Palavra deve constituir motivo de louvor a Deus. Criticamos certos cultos pela sua exuberância, mas alguns dos nossos parecem autênticos velórios, com muito pouco atractivo, em que os crentes saem pior do que entraram.
A Igreja não se compara a um cemitério onde tudo está em ordem, mas falta o essencial que é a vida. A Igreja compara-se a uma casa de família, onde nem todas as coisas estão em perfeita ordem, mas há vida que pula à nossa volta.

A dinâmica no que concerne à pregação

 A nossa pregação precisa deixar de ser tão teórica e tornar-se mais prática. O evangelista D.L.Moody afirmava: “A Bíblia não foi dada para nos dar informação, mas para operar transformação. A aplicação é a razão central da revelação de Deus”
Devíamos reflectir porque nalgumas igrejas, os cultos de estudo bíblico estão a perder cada vez mais crentes. É surpreendente como certos Pastores que julgam dar uma ênfase toda especial à pregação da Palavra, têm os cultos de estudo bíblico reduzidos a um número cada vez menor de ouvintes.

 É necessário compreender que a vida hoje é completamente diferente. Cada vez mais se exige dos empregados por um lado e por outro as comodidades agarram os crentes em casa. Eles só virão ao culto se forem devidamente alimentados e sentirem as suas necessidades preenchidas. É pertinente cuidar bem do ensino e da pregação, porque o povo não se contenta com qualquer coisa.

A dinâmica no que concerne à liderança

 Temos que imprimir uma liderança espiritual baseada na visão que recebemos de Deus, buscando a unção e a direcção do Espírito Santo para a concretização da mesma. Não podemos viver uma rotina asfixiante, correndo de um lado para o outro, sem tempo nem forças para planear, orientar e coordenar o nosso trabalho.
É preciso fazer passar a visão recebida de Deus, para os nossos cooperadores e para a Igreja em geral, afim de que se saiba para onde queremos ir e o rumo que é necessário traçar.

 É preciso discipular os novos convertidos para que se tornem crentes sadios e sólidos na fé, como é necessário formar verdadeiros anciãos, diáconos, cooperadores e cooperadoras, ensinando-lhes qual o seu papel e treinando-os para as diferentes tarefas. Ninguém deveria ser consagrado ao ministério local sem passar por um treinamento adequado.
Ouvi, do saudoso Pastor José Pessoa que: “o Pastor deve ser antes um treinador, do que um ponta de lança”. A dinâmica da Igreja local no contexto actual não se compadece com Pastores que querem fazer tudo, porque acham que só eles é que sabem e sem eles nada do que é para fazer se faz.

 Peçamos a Deus sabedoria para saber discernir o tempo em que vivemos e o modo para melhor edificar a Obra de Deus, sem danificar o fundamento que já foi lançado. É verdade que estamos a viver tempos difíceis, como a Bíblia prevê, mas também devemos reconhecer que, não obstante, podemos também viver a experiência gloriosa da profecia de Joel: “Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, e regozijai-vos no Senhor vosso Deus; porque ele vos dá em justa medida a chuva temporã, e faz descer abundante chuva, a temporã e a serôdia, como dantes.

 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de mosto e de azeite. Assim vos restituirei os anos que foram consumidos pela locusta voadora, a devoradora, a destruidora e a cortadora, o meu grande exército que enviei contra vós. Comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós, pois, sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado.
 Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões; e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.
(Joel 2:23-29)

                                                                                                          
                                                                                                                             
                                                                                                                                   Pr Luís Reis

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